Monarquia, platonismo, monoteísmo e egolatria: as bases do fascismo


As formas do pensamento humano se produzem na sociedade e na cultura, camadas culturais muito antigas deixam fósseis vivos na nossa forma de pensar. (Mesmo na democracia, há tendências monárquicas!).

Há uma ligação intríseca entre a imposição da monolatria, isto é o culto de um único deus, e a ascensão do regime monárquico na idade antiga, no surgimento das cidades-estado. O culto do deus do rei e a justificação de sua autoridade para a manutenção do seu poder (do rei). Quanto maior o poder político e simbólico que o rei quer exercer sobre a população, maior a exigência de uma monolatria, todos devem adorar ao deus do rei.

O estrago pode ser pior, pois cada cidade-estado pode ter seu deus ou seus deuses. Quando ainda um governo quer alastrar o seu domínio aos territórios vizinhos, também terá que implantar a devoção ao seu deus e suplantar os demais.

No mundo grego (imperialista) a ideia de Bem, e mais tarde de Uno serve para reforçar a necessidade de Um que governa sobre o todo. (Até que ponto a mente filosófica não refletia a superestrutura política?).

Desde a tenra idade o ser humano se mostra como um ser egoísta, buscando impor sua vontade e seus gostos sobre os demais (quando há muito espaço se tornam reizinhos dos próprios pais). A civilidade e o respeito às diferenças são elementos adquiridos pela convivência que ajudam a criança a castrar sua egolatria. Quando este processo não logra sucesso, quando maior a imaturidade maior a estupidez.

Daí que todos esses elementos se unem: uma estrutura de pensamento politicamente e religiosamente formada pelo domínio de Um e a estupidez egolátrica formam a bomba nuclear da imposição de um governo, um deus e uma moral cultural do particular sobre o todo, a cupidez do fascismo se instala.

A pluralidade de visões políticas, de culturas, de mitologias e cultos é a chave da convivência democrática. O imperativo “divino” da boa convivência é a tolerância.

Comentários

Postagens mais visitadas