Por que o templo de Salomão da Universal não tem importância para quem é cristão e é uma afronta para quem é judeu?



Por que o templo de Salomão da Universal não tem importância para quem é cristão e é uma afronta para os judeus?
Para quem é cristão, qual o testemunho mais importante? Ora, o de Cristo.
Jesus não veio para abolir a lei mas para leva-la a pleno cumprimento. As coisas antigas eram imagens das coisas novas.
Então vejamos qual os atos e palavras de Jesus, bem como a interpretação das primeiras comunidades cristãs sobre a questão do templo? Depois falarei do significado do templo para os judeus.
Durante sua vida Jesus frequentou o templo de Jerusalém, expulsou os que faziam da casa de Deus uma casa de comércio. Estes são sinais de zelo e respeito por parte de Jesus em relação ao templo de Jerusalém. Todavia aparece no evangelho, Jesus censurando alguns que se admiravam da grandiosidade arquitetônica do templo. Ele disse: “Não ficará pedra sobre pedra”. Em outra passagem ele diz, “destruam este templo e eu o reconstruirei em três dias”.  E o autor explica, ele falava isso referindo ao templo do seu corpo. O que demonstra uma certa relativização do templo de pedra, de valor único para a religião da época.
Ora, na época de Jesus o “Templo” era instrumentalizado pelos líderes religiosos para explorar o povo simples, pois ali era o único lugar em que era válido oferecer sacrifícios, o que demandava um custo para o “fiéis” que tinham que pagar pelo valor das vítimas animais.
Já os profetas criticavam os sacrifícios do templo, ou mesmo o templo em si. Numa passagem o próprio Deus questiona? “Quem poderá construir um templo para a minha habitação?”
Jesus veio dar um nova roupagem a forma de relacionar-se com Deus. Uma roupagem mais espiritual, e ao mesmo tempo mais concreta, e também mais democrática!
Não mais em um lugar específico, mas em qualquer lugar: no quarto, na galileia, no pai nosso... se pode adorar, mas desde que se faça em espírito e em verdade. Não é mais importante o lugar mas as pessoas reunidas em comunidade, pois onde dois ou mais se reúnem, ele está presente.
Numa perpectiva cristã, o templo era importante na antiga antiga aliança, por que lá era mantida a arca da aliança que continha as leis, a vara de Arão e o manar. Mas essas coisas eram símbolos daquilo que para os cristãos é Jesus. Jesus é a encarnação da lei, não uma lei de letras escritas, mas de um testemunho da vontade do pai para a vida humana. Jesus é o verdadeiro maná, o verdadeiro pão descido do céu, a vara de Arão, por sua vez, era meio por meio do qual milagres foram realizados, mas Jesus mostrou a chegada do ano da graça do Senhor.
Continuando, o templo era importante por que só lá os levitas podiam oferecer sacrifícios de touros e carneiros gordos como holocausto de penitência e ação de graças. Pra nós cristãos, o templo, o sacerdote e a vítima verdadeira coincidem na mesma divina pessoa é Jesus!
Sendo assim, para uma denominação cristã construir um templo aos moldes do templo de Salomão é um retrocesso teológico! O templo, o sacrifício, a arca eram meras imagens daquilo que Cristo levou a pleno cumprimento. Cristo é a realidade atual. Ele já veio. Ele está no meio de nós!
Mas creio que estes fatores não tenham sido levados em conta pelo neurótico Edir Macedo que estava mais interessado em construir a “Meca” da Igreja Universal, uma obra faraônica para ostentar seu poderio, e criar uma nova forma de enriquecimento de seu império. Ou talvez atrair para a sua grei  judeus que podem atrair-se também pela sua teologia veterotestamentária da prosperidade?
Mas ainda tem outro aspecto agravante para esta obra do bispo Edir. Considero que seja uma afronta aos de religião judaica. Imagina alguém pegar o símbolo de outra religião e inserir na sua com objetivo de promover-se? Imagine os hinduístas construindo uma réplica da Basílica de São Pedro e dedica-la à Vishnu? Como nos sentiríamos?
Outro aspecto em que considero a obra de Edir uma afronta aos judeus é o significado único que teria para eles a reconstrução do templo, no que se refere à seu espírito nacional, ao aspecto escatológico da chegada do tempo de prosperidade e paz e do messias imortal.
Mas não, é apenas uma obra de um cara com neurose de grandeza!

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