Quem era realmente Maria Madalena?


Maria Madalena foi identificada frequentemente com outras mulheres que aparecem nos Evangelhos, como a mulher apanhada em adultério ou a pecadora que na casa de Simão, o fariseu, ungiu os pés de Jesus com suas lágrimas (Lc 7,36-50). A exegese atual percebe essas compreensões como extrapolações infundadas. Dessa forma, podemos ver Madalena como um dos personagens mais injustiçados da história cristã. Um novo olhar tem permitido a redescoberta de Madalena como uma presença importante no início do Cristianismo, com consequências sobre o papel e a presença da mulher na Igreja. Recentemente, o Papa Francisco elevou a sua comemoração litúrgica de "Memória" a "Festa" (grau com que se comemora os apóstolos e outros personagens de importância fundamental na constituição da fé cristã).

Maria, discípula de Jesus, era originária de Migdal Nunayah, Tariquea em grego, uma pequena povoação junto ao lago da Galileia, a 5,5 km ao norte de Tiberíades. Era uma região rica, onde havia atividade pesqueira, a salga e o comércio de peixes. Os evangelhos nos fornecem poucos dados sobre Maria Madalena. Narra-se que ela foi agraciada por Jesus, tendo ele expulsado sete demônios (Lc 8,2; Mc 16,9). A expressão pode ser entendida tanto como um exorcismo propriamente dito, quanto como um livramento de uma doença física ou psíquica que acarretavam um estado de precariedade. Já em Lc 8,2 afirma-se que, haviam mulheres que seguiam Jesus e o assistiam com seus bens, e entre elas estava Maria Madalena. Ela seria portanto, uma das que davam suporte financeiro a missão de Jesus e dos apóstolos.

Maria tem uma presença forte como testemunha do mistério pascal. Os Evangelhos sinóticos a mencionam como a primeira de um grupo de mulheres que assistiram a crucificação de Jesus (Mc 15, 40-41), e que permaneceu sentada em frente ao sepulcro (Mt 27,61), enquanto sepultavam Jesus (Mc 15,47). Na madrugada do dia depois do sábado, Maria Madalena e outras mulheres voltaram ao sepulcro para ungir o corpo com os perfumes que haviam comprado (Mc 16, 1-7); é, então, que um anjo lhes comunica que Jesus havia ressuscitado e as encarrega de levarem a notícia aos discípulos (cf. Mc 16, 1-7).  Depois do sábado, quando ainda era noite, ela se aproxima do sepulcro, vê a pedra afastada e avisa Pedro, pensando que alguém tinha roubado o corpo de Jesus (João 20,1-2). Voltando ao sepulcro, enquanto chora, encontra-se com Jesus ressuscitado que a encarrega de anunciar aos discípulos a Sua volta ao Pai (João 20,11-18).

Esta é a sua glória. Por isso, a Tradição, na Igreja Oriental, a chamou de isapóstolos “igual a um apóstolo” e, na Igreja Ocidental, apostola apostolorum “apóstola dos apóstolos”. Uma tradição do Oriente diz que ela foi enterrada em Éfeso e que suas relíquias foram levadas para Constantinopla no século IX.

Por seu papel de relevo no Evangelho, Maria Madalena foi uma protagonista que recebeu especial atenção em alguns grupos marginais na Igreja primitiva. Estes são constituídos fundamentalmente por seitas gnósticas, cujos escritos relatam revelações secretas de Jesus depois da Ressurreição e recorrem à figura de Maria para transmitir suas ideias. 


BIBLIOGRAFIA

V.SAXER. Maria Magdalena. Biblioteca Sanctorum VIII. Roma, 1966, 1078-1104. M. FRENSCHKOWSKI. “Maria Magdalena”, in Biographisch-Bibliographischen Kirchenlexikons.

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