A Boa Nova de Jesus

A mensagem anunciada por Jesus é chamada de “Evangelho”, palavra que provém da língua grega e significa “Boa Notícia”.
O livro de Marcos, uma das versões canônicas sobre a vida de Jesus, fala que após a prisão de João Batista, Jesus foi para a região da Galileia, proclamando a boa notícia de Deus: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede na boa notícia.” (Mc 1,15).
O ponto central da primitiva pregação de Jesus na Galileia apresentado no Evangelho segundo Marcos é a chegada do Reino de Deus.
O Reino de Deus é um ideal que remonta ao Antigo Testamento e consiste numa Teocracia – governo de Deus sobre o seu povo provendo uma vida pacífica e próspera, o shalom. “Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre.” Salmos 37:29.
Daí podemos entender porque que junto da mensagem da chegada do Reino de Deus está também o convite à Conversão: “Arrependei-vos”. O arrependimento e a conversão se constituem na condição necessária para receber a salvação trazida pelo Reino de Deus. Arrependei-vos, no grego “Metanoia”, – consiste em um sentimento de pesar pelos erros cometidos no passado e uma mudança para adotar uma vida justa.
Jesus falava da proximidade do Reinado de Deus, ou seja, a salvação dos que nele creem de forma já presente. Sobre essa questão é possível constatar que o Reino não se apresenta ainda de forma definitiva: há sofrimento em toda parte e de muitas formas, inclusive para os que são fiéis a Deus.
Jesus justifica que o Reino aparece de forma humilde com um início simples, mas que tende a um desenvolvimento, e que sua concretização plena só se dará após o julgamento final.
O reino tem portanto uma realização  atual (os que acreditam no Reino se convertem) e ao mesmo tempo uma realização escatológica: após o julgamento final. A condição para entrar no reino é crer e buscar ser justo.
Crer em Deus (Pistis - grego/emunah –hebraico) – Deus não é visto, mas é crido por meio de uma fé que se compromete, isto significa levar Deus em conta em nossas atitudes.
Ser justo significa obediência aos mandamentos (não lesar o próximo), e a partir do evangelho a prática da compaixão, colocar-se no lugar dou outro, assistir aos fracos e necessitados. Não basta praticar a justiça equitativa, mas dar um passo a mais em socorro dos mais fracos.
O contrário da justiça evangélica é o egoísmo, por isso “o rico não pode entrar no reino de Deus”, aquele cujos bens só servem a si, pois a lógica do evangelho é a oferta do dom de si.
As ações de Jesus são sinal da chegada do Reino de Deus, e estes traduzem o seu sentido. "Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus." (Mt 12,28) Isto significa que por meio de Jesus o ser humano recebe vida plena, livre de todos os males.
Tendo recebido a mensagem de Jesus, somos convidados a aderir a Palavra de Cristo. A adesão à palavra de Cristo se torna sinal visível da chegada do Reino de Deus, pois devem eles promover dentro de seu nível de atuação a lógica do Reino de Deus, a justiça, a solidariedade.
Os que aderem ao Reino serão confirmados na realização final do mesmo Reino, pois Jesus virá uma segunda vez e trará o Reino definitivo, não mais sujeitos às ambiguidades da história. O Reino definitivo é a salvação eterna, a felicidade com Deus e a confraternização universal.
Paulo chama a sua pregação de Evangelho, o conteúdo do evangelho de Paulo (da igreja primitiva) já contém outros aspectos provenientes da páscoa de Jesus (Morte-Ressurreição) que obviamente, Jesus não podia tratar antes de que acontecesse. Posteriormente completarei este artigo com o Evangelho das primeiras comunidades à luz da Páscoa de Cristo.