Pra que servem os santos?


A Igreja apresenta para nós cristãos-modelos: os santos. Mas uma função que não é deles, certamente, é a de que nós projetemos neles o que somos incapazes de alcançar, e daí cruzarmos os braços em busca de nossa santificação pessoal.
Substancialmente só Deus é Santo e doador de toda santidade. E conforme a Palavra, somos santificados pelo Batismo que é uma extensão do Batismo de Sangue oferecido por Cristo na Cruz. Claro, temos que corresponder, que nos abrir a esta graça, para que a graça se multiplique. E os santos são exemplo disso. Isto requer esforço, um esforço que nem sempre estamos dispostos a empreender. Então se torna mais fácil colocar os santos em um plano superior.
Parece até que os filósofos estão certos quando dizem que temos necessidade de super-humanos. Quando vemos os santos nos altares com suas roupas brocadas até imaginamos isso mesmo... mas quando aproximamo-nos de suas biografias vemos que aquilo que consideramos como 'super-humanidade' deles foi conquistada a ferro e a fogo, e principalmente por sua abertura à graça de Deus. Vemos que seus dilemas, suas crises, suas dificuldades, seus desafios, suas quedas e superações são bem parecidas com as nossas, bem de carne e osso! E aí vemos que não existem super-humanos. Ou ainda, que cada um pode ser um super-homem e uma super-mulher se buscar continuamente se tornar plenamente humano, ao modo de Cristo.
Nosso inspirado papa Francisco não cessa de repetir: "Sou um pecador." Mas alguns o confrontam por declarações deste tipo. Estão em busca de super-homens. Super-homens não existem. Cada ser humano está acometido da fragilidade que é própria da condição humana, e, fantasticamente, é aí que reside o campo fértil para a atuação de Deus.
Os santos canonizados servem para duas coisas principalmente. Para a intercessão e para a imitação. O mistério da comunhão dos santos nos diz que há um intercâmbio entra a igreja que peleja e a igreja que já goza da graça de Deus. A imitação, por sua vez, consiste em percebermos que cada um de nós podemos e devemos buscar as virtudes da vida cristã, assim como os santos fizeram.
Cada ser humano é portanto reflexo da santidade de Deus, de modo especial. Por isso a santidade é irrepetível. Não adianta tentarmos ser como os santos do passado. A forma muda, mas o conteúdo permanece. A santidade deve então ser vivida a partir de cada um individualmente, fitando o modelo de ser humano que é o próprio Jesus Cristo.
Amar os santos não significa apenas admirá-los, lhes contruir altares, significa acolher pessoalmente a graça santificante de Deus frutificando as virtudes evangélicas em nossas vidas.

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